Capitulo 19 - Entendimentos e Evoluçao.

No dia seguinte, Lylit acorda e percebe que Stan não se encontra dentro da cabana. Após alguns segundos de sonolência ela percebe um forte cheiro de fumaça no ar. Imediatamente sai correndo em direção a porta da cabana, abre a mesma e fica em pé sobre o suporte de madeira que mais se parece uma pequena varando em frente a porta. Quando Olha pra baixo Lylit percebe que uma fogueira esta acesa e que Stan estava a poucos metros dali acabando de empalar dois pequenos coelhos e logo depois colocá-los na fogueira.

- Bom dia estrupício. – Disse Stan ainda com cara de sono.

- Acho que é bem cedo ainda não é? – Perguntou Lylit e logo continuou. – Você já esta de pé.

- Tenho que me preocupar com duas pessoas alem de mim. E outra. Fazia muito tempo que eu não caçava nas minhas terras. Logicamente, antigamente eu não podia usar teletrasporte, então ficava mais complicado. Foi quase uma injustiça o que eu fiz com esses coelhos. – Disse Stan.

- Entendo, então estou me tornando um fardo para você? – Perguntou Lylit.

- De forma alguma, por que pergunta isso? – Respondeu Stan.

- Por que até agora você não me tirou daqui de cima. – Respondeu Lylit sorrindo.

Ates que ela percebesse Stan estava a sua frente, ele a tocou com o dedo no meio da testa, e antes de qualquer outra percepção os dois estavam no chão ao lado da fogueira.

- Sabe uma coisa que eu percebi? – Perguntou Stan.

- Foi você que percebeu, não eu, então para mim saber você precisa me contar. – Respondeu Lylit.

- Grossa. – Disse Stan e logo continuou. – O Meu relógio esta funcionando.

- Ta, disso eu sei. E alias eu pedi pra você vê o do por que disso. – Disse Lylit.

- E foi o que eu fiz. – Respondeu Stan. – Enquanto você dormia e eu caçava voltei aqui varias e varias vezes. Estando perto de você. Certa hora eu fiquei bem longe procurando a caça e como eu tinha acertado mais ou menos o relógio a partir do sol, fui verificar as horas.

- Sim sim, e daí? – Perguntou Lylit.

- E daí que ele estava parado. – Respondeu Stan. – Quando eu voltei com a caça para perto da cabana ele começou a correr o tempo de novo. Foi ai que veio a idéia. Se eu chego em um raio de cem metros de você o relógio volta a funcionar, caso eu saia desse raio ele para imediatamente.

- Por que de mim? – Perguntou Lylit.

- Por que eu testei isso inúmeras vezes. – Respondeu Stan e logo continuou. – Mas na verdade, creio eu que isso não é sua culpa. O bebê que você carrega ai dentro esta em um outro nível de “condição de sobrevivência”. Creio que é por causa dele isso, não sei ainda o que ele esta fazendo, ou o que o organismo dele faz, mas tenho certeza que é ele que faz.

- Aonde eu estou, o campo eletrostático para e os eletrônicos voltam a funcionar. Entendo. Pode ser que ele esteja cancelando isso para nos ajudar. – Disse Lylit Sorrindo.

- Creio eu que seja algo mais complexo. – Respondeu Stan. – Porem não farei nenhuma aposta por enquanto, vamos dar tempo ao tempo e mais para frente nós responderemos nossas próprias perguntas.

- Por mim tudo bem. Agora me diga, você achou água? – Perguntou Lylit esperançosa.

- Sim, mas ainda não fui buscar até por que não temos aonde guardar. – Respondeu Stan.

- Vai, me leva até o local. – Disse Lylit.

- Por que? Eu vou la e me viro e trago água. – Respondeu Stan.

- Me leva logo porra. – Disse Lylit.

Stan pegou na mão dela e os dois apareceram no mesmo instante de frente a um rio de água clara. Logo mais acima a nascente do rio fluía normalmente.

- Stan, meu anjo pega um pouco daquele barro perto da nascente pra mim? – Disse Lylit carinhosamente.

- Como você consegue muda de personalidade tão fácil? – Perguntou Stan e logo continuou. – Quanto desse barro você quer?

- Pega uns dez quilos fazendo um grande favor. – respondeu Lylit.

Stan começou a fazer um circulo em volta do barro cavando mais e mais fundo, quando ele pode sentir que em meio ao circulo teria mais ou menos os dez quilos ele apoiou sua mão acima da massa e a transportou juntamente com ele para perto de Lylit.

- Ótimo, sujamos toda a água, por que mexemos na nascente. O que você pretende fazer? – Perguntou Stan.

- Fica calminho ai. – Respondeu Lylit.

No mesmo instante ela separou a bola de barro em duas e começou a modelar praticamente dois vasos fundo, não perfeitos, porem que comportariam água normalmente.

- Ótimo, até eles secarem... – Ia dizendo Stan, e quando menos percebeu os dois vasos estavam duros e maciços.

- Hehe, esqueceu? Eu posso mudar um pouco a estrutura de certas coisas, não é tão eficiente como minha cura, mas eu posso tirar a água o quanto eu quiser desse barro. – Disse Lylit.

- Ta,você ganhou. Daí os vasos, vou encher. – Disse Stan.

Após encher os dois vasos eles estavam voltando, agora a pé para a cabana para que Lylit aprendesse o caminho caso precisasse de água e Stan não estivesse por perto. E até por que Stan não queria gastar mais um ponto de teleporte assim como fez quando saiu da cabana direto para o rio.

- Lylit, é muito complicado para você sugar a água desse barro? – Perguntou Stan.

- Eu sei o que você esta pensado. “Você já tentou sugar água de um corpo?”. – Disse Lylit.

- É isso mesmo. – Respondeu Stan meio assustado.

- Sim, eu já tentei e não da certo. – Respondeu Lylit.

- Resumindo, seu poder é pura cura, ou no caso, defesa. – Disse Stan.

- Então, eu ainda não sei muito sobre meu poder, mas quando eu estou muito mal, se eu me concentro, mesmo que não saiba nada, meu mal estar passa, isso faz parte da cura. Porem, e se eu me curar a mais? E se ao invés só de curar eu poder alimentar meu corpo mais do que ele necessita normalmente? – Disse Lylit enquanto Stan fazia cara de preocupado e feliz.

- Entendi. Vale a Pena tentar. Temos sete meses até podermos sair daqui. Comece a treinar. Eu com certeza começarei assim que agente conseguir se estabilizar normalmente aqui. – Disse Stan.

- É engraçado você dizer “se estabilizar” no meio do nada. – Respondeu Lylit rindo.

- Faz sentido. – Respondeu Stan.

Quando menos perceberam os dois estava chegando perto da fogueira, que por sinal tinha se alastrado um pouco e eles tiveram que usar a água para evitar um incêndio. Após isso tiveram que voltar novamente ao rio para pegar mais água.

Três meses se passam, A barriga de Lylit já esta bem maior e a presença do bebe fica mais nítida a cada dia, não somente pelo seu tamanho, mas também sua presença energética.

- É incrível como ele impõe essa pressão sem nem ainda sair daí de dentro. – Comenta Stan.

- Não por se tratar de um “super bebe”, mas eu queria ver cada parte do crescimento dele, como mãe e como ser humano curioso. – Diz Lylit sorrindo.

- Eu acho que entendo por que você diz isso, mas teria algum motivo em especial? – Pergunta Stan.

- Eu acho que o Rex vai ser um tipo de ser humano novo. Depois que ele veio pra dentro de mim e que chegamos nesse local eu comecei a me sentir um com esse mundo. Você pode não perceber, mas é isso mesmo, essa sensação é indescritível. – Disse Lylit se emocionando.

- Você vai dar um nome de cachorro pra ele? – Perguntou Stan rindo.

- Seu maldito, eu aqui falando algo tão bonito e você me vem com essa? Vá se danar. – Disse Lylit.

- É brincadeira, mas como “pai” eu diria que essa criança será bem mais especial do que você pensa. Enquanto eu treinava sozinho eu estive andando por vários lugares. E você sabe o que a cabana, o rio, e o ponto de pouso que construímos no meio da mata e que ficamos varias vezes quando estávamos caçando tem em comum? – Perguntou Stan.

- Alem do nosso cheiro? – Perguntou Lylit sorrindo.

- Também. – Concordou Stan mas logo continuou. – Mas não é isso, em todos esse lugares, meu relógio funciona, mesmo sem a sua presença.

- Explique-se. – Disse Lylit.

- Esse pequenino, alem de anular a composição eletrostática do lugar em que se encontra, ele também vai sugando aos poucos essa energia para ele, e é por isso que você se sente um com esse lugar. Esse corpinho ai dentro vai se alimentando dessa energia e acabando com ela em certos lugares onde já ficamos tempo demais. – Disse Stan.

- Resumindo, se nos mudarmos para outras áreas, ele poderá ficar mais forte ainda, lógico, se sua teoria estiver certa. – Disse Lylit surpreendendo Stan.

- Faz todo sentido. – Respondeu Stan. - Vamos ficar esses últimos dois meses antes dele nascer nos mudando uma vez por semana. Assim poderemos nos adaptar a lugares diferentes e conhecer mais o local, enquanto o Rex fica mais forte.

- Isso me faz pensar, se teve outros antes dele, não iguais mas com o mesmo don, em cima do que eles poderiam ter evoluído. São infinitas possibilidades. isso me assusta. – Disse Lylit.

- A Triade pode ser uma ferida no mundo. Mas se tem algo que me impressiona é a mente deles. – Disse Stan.

- Como assim, você elogiando aqueles desgraçados. – Disse Lylit brava.

- Mas é serio, eles conquistaram o mundo e se consolidam cada vez mais como donos do mesmo. Fora as invenções e inovações que eles devem guardar em segredo. A Triade em si, é um mundo de conhecimentos. – Disse Stan.

- Tudo bem, vou perdoar você dessa vez e vou até concordar. Mas não quero você falando assim de novo. – Disse Lylit se acalmando.

- Pode deixar, eu nunca vou admirar a mentalidade deles. Eu disse que são muitos conhecimentos, mas são utilizados para o mal. – Disse Stan.

Lylit deitou em seus braços e logo adormeceu. Stan ficou pensando e olhando para o rosto de sua amada. Logo depois se deitou delicadamente para que não a acordasse.

“Ela é diferente, esse bebe é diferente. Eu acho que eu só tenho que agradecer ao acaso por me colocar junto deles.” – Foi a ultima coisa que ele pensou antes de pegar no sono.